terça-feira, 19 de junho de 2012

O Poder e Foucault



         Baseado nos pensamentos de Nietzsche, Michel Foucault busca a genealogia das instituições, ou o poder em sua origem. Ele acredita que dentro de cada instituição há o início do exercício de poder, que são esses micro-poderes, que se relacionam com o poder do Estado para manter a mansidão e a ordem dos indivíduos. Esses micro-poderes constituem a microfísica, que se mantém através da disciplina.  Para Foucault é óbvio que esses micro-poderes podem coexistir com o poder do Estado, pois eles são independentes.

         Os micro-poderes constituem a microfísica, que se faz valer principalmente pela disciplina. Esse poder disciplinar que as instituições detêm têm a potencialidade de fabricar e moldar o indivíduo, por localizá-lo em um tempo e espaço determinado, e pelo exercício da vigilância, que através da observação, resulta em um saber.

         Tal disciplina consegue dominar o indivíduo de várias formas. Sua base leva ao controle individual. Um bom exemplo disso seria o modelo de presídio proposto por Jeremy Bentham, o chamado Panóptico, que teria uma forma circular e uma torre central, responsável por garantir uma vigilância perpétua. A exemplo do poder disciplinar, esse Panóptico introjeta um comportamento adequado.

         Um caso contemporâneo que se assemelha à forma de "acuamento" da prisão é o famoso posto policial brasileiro, que, no lugar de um policial, era colocado um espantalho para fazer a vigilância. Apesar do conhecimento popular de que era um boneco que ali estava, o medo e o hábito levavam os motoristas a reduzir a velocidade.

         A vigilância é uma forma de controle dos indivíduos, uma vez que o medo os leva a ter disciplina e a comportar-se de um modo determinado.

         Esses exemplos mostram como funciona a sociedade de controle, em que a população heterogênea, os indivíduos - ao contrário da sociedade disciplinar, em que a massa que é controlada - são controlados pelas instituições, cujos interesses convergem com os do Estado.

         A atuação desses poderes não pode ser apreendida senão onde sua intenção está investida, ou seja, em meio as práticas efetivamente reais nas quais há relação direta com seu plano de aplicação.

         A genealogia do sistema de Foucault leva à conclusão de que a instauração da sociedade moderna supôs uma transformação nos instrumentos canalizadores do poder, pois o dominado, por essas vias, julga como natural ser subjugado, não há uma consciência viva sobre tal força. No entanto, é conhecido que todo poder é gerador de resistência, porém não se tem por objetivo a repressão, já que esta é desencadeadora de conflitos, não do adestramento.

         Entretanto, quando um grupo social desenvolve a capacidade de manipular tais mecanismos que regulam determinada manifestação, constrói uma estrutura que se aplica aos potenciais dominados.

          O discurso apresentado como natural, como podemos perceber no de um sistema econômico de uma nação, tomando aqui como exemplo o capitalismo, compartilham de um mesmo fim. Assim o cidadão entra no jogo e respeita as suas regras. Dentro de uma sociedade de consumo, como é caracterizado Brasil, o trabalhador é direcionado aos mecanismos necessários para a obtenção de bens, ou seja, o trabalho, que gera o capital indispensável ao consumo. Essa atitude é natural, e não se questiona mais os motivos para a concretização do consumo e a venda do trabalho, muitas vezes por valor muito inferior ao que ele realmente vale.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Marx e o sistema de dominação


Marx considera que a desigualdade material tem seu embrião com o aparecimento da propriedade privada, que proporcionou o acumulo de bens. Esse pensamento se iguala ao de Rousseau, dizendo que,  com essa sociedade uma vez estabelecida, há a necessidade da organização política para garantir seu funcionamento.


Aqueles que não pertenciam a àgora da cidade eram obrigados a comercializar para abastecer a civilização e garantir sua sobrevivência (troca simples). É no mometo em que o comércio ocupa o centro organzacional da cidade que a acumulação de capital é instaurada.


O lucro é potencializado quando a cidade se torna industrial, com produção em alta escala, e, para Marx, é nesse estágio que o capitalismo de consolida como a realidade do comércio.


Nesse sentido, a ferramenta da troca simples é substituida pela ideia de equivalente geral, que estabelecia um objeto de valor dentro de uma comunidade como um padrão de troca.


Não foi só a economia que se modificou. O modo de relação social entre servos, artesãos e trabalhadores também foi alterado, construindo uma nova hierarquia. Os trabalhadores começavam a se relacionar com os artesãos  (burgueses), vendendo sua força para trabalhar nas fábricas. Para o melhor funcionamento dessa força, os propietários pensaram em uma divisão do trabalho, atribuindo atividades especificas para cada individuo.


Assim se formou a indústria, e o trabalhador, não tendo conhecimento da potencialidade de sua força, deixava-se (ou deixa-se) ser explorado (em uma completa alienação). Esse é o mecanismo de dominação. O indivíduo, privado de ter os meios de produção, acaba vendendo sua mão-se-obra por valor muito inferior ao que realmente vale; em poucas horas consegue trabalhar o equivalente a seu salário, passando as outras horas produzindo em benefício de seu senhor.


Segundo Marx, esse capitalismo que explora o homem poderia ter fim de três maneiras distintas. Uma diz que o regime deixaria de existir matematicamente, pela competição de mercado; já outra seria através da revolução proletária, em que o proletariado pegaria em armas e a terceira, por sua vez, trata-se da consciência de classe, em que tal classe reconheceria a forma que o sistema funciona, assim como a sua situação, a ponto de por fim a elas. Porém, como se vê hoje, o fim do capitalismo nunca ocorreu, pois ele, através de meios, conseguiu se manter como regime hegemônico, valendo-se sempre intervenção estatal econômica em momentos de crise. Além disso, o proletariado segue alienado, já que o capitalismo cria mecanismos, como os programas de assistências, que fazem tal classe aceitar a vida razoável, e muitas vezes medíocre, que lhe impuseram.


O conceito de capital variável se trata do investimento na força de trabalho, já o conceito de capital constante é o investimento em meios de produção, sendo que diferente do primeiro, este último não oscila. Marx afirmava que ao diminuir o capital variado (os salários) e o investimento no capital constante seguisse, a partir de tal situação o próprio sistema capitalista ruiria, pois dificultaria o lucro.