Baseado
nos pensamentos de Nietzsche, Michel Foucault busca a genealogia das
instituições, ou o poder em sua origem. Ele acredita que dentro de cada
instituição há o início do exercício de poder, que são esses micro-poderes, que se
relacionam com o poder do Estado para manter a mansidão e a ordem dos
indivíduos. Esses micro-poderes constituem a microfísica, que se mantém através
da disciplina. Para Foucault é óbvio que
esses micro-poderes podem coexistir com o poder do Estado, pois eles são
independentes.
Os micro-poderes constituem a
microfísica, que se faz valer principalmente pela disciplina. Esse poder
disciplinar que as instituições detêm têm a potencialidade de fabricar e moldar
o indivíduo, por localizá-lo em um tempo e espaço determinado, e pelo exercício
da vigilância, que através da observação, resulta em um saber.
Tal disciplina consegue dominar o
indivíduo de várias formas. Sua base leva ao controle individual. Um bom
exemplo disso seria o modelo de presídio proposto por Jeremy Bentham, o chamado
Panóptico, que teria uma forma circular e uma torre central, responsável por
garantir uma vigilância perpétua. A exemplo do poder disciplinar, esse Panóptico
introjeta um comportamento adequado.
Um caso contemporâneo que se assemelha
à forma de "acuamento" da prisão é o famoso posto policial brasileiro, que, no
lugar de um policial, era colocado um espantalho para fazer a vigilância. Apesar
do conhecimento popular de que era um boneco que ali estava, o medo e o hábito
levavam os motoristas a reduzir a velocidade.
A vigilância é uma forma de controle
dos indivíduos, uma vez que o medo os leva a ter disciplina e a comportar-se de
um modo determinado.
Esses exemplos mostram como funciona a
sociedade de controle, em que a população heterogênea, os indivíduos - ao contrário da
sociedade disciplinar, em que a massa que é controlada - são controlados pelas instituições, cujos interesses convergem com os do
Estado.
A atuação desses poderes não pode ser
apreendida senão onde sua intenção está investida, ou seja, em meio as
práticas efetivamente reais nas quais há relação direta com seu plano de
aplicação.
A genealogia do sistema de Foucault
leva à conclusão de que a instauração da sociedade moderna supôs uma
transformação nos instrumentos canalizadores do poder, pois o dominado, por
essas vias, julga como natural ser subjugado, não há uma consciência viva sobre
tal força. No entanto, é conhecido que todo poder é gerador de resistência,
porém não se tem por objetivo a repressão, já que esta é desencadeadora de
conflitos, não do adestramento.
Entretanto, quando um grupo social
desenvolve a capacidade de manipular tais mecanismos que regulam determinada
manifestação, constrói uma estrutura que se aplica aos potenciais dominados.
O discurso apresentado como natural, como
podemos perceber no de um sistema econômico de uma nação, tomando aqui
como exemplo o capitalismo, compartilham de um mesmo fim. Assim o cidadão entra no jogo e
respeita as suas regras. Dentro de uma sociedade de consumo, como é
caracterizado Brasil, o trabalhador é direcionado aos mecanismos necessários
para a obtenção de bens, ou seja, o trabalho, que gera o capital indispensável ao
consumo. Essa atitude é natural, e não se questiona mais os motivos para a
concretização do consumo e a venda do trabalho, muitas vezes por valor muito
inferior ao que ele realmente vale.