O processo
civilizador histórico trouxe a necessidade de o homem se organizar, usando a política como sua principal
ferramenta.
Para Maquiavel,
a tomada do poder politico pode se dar pela força, por eleições ou pela
hereditariedade. O príncipe, detentor do Estado, deve se esforçar para
manter-se em seu posto, valendo-se de quaisquer métodos possíveis.
Os governos
depostos durante a Primavera Árabe atestaram os princípios da teoria politica
de Maquiavel. O príncipe, na figura dos ditadores, como Bashar Ae Assad,
Kadafi, Mubarak, abusam da força a exemplo de preferirem serem temidos do que
amados, colocando a democracia em xeque. Segundo o filosofo, é mais fácil a
manutenção do poder quando se tem o temor do povo ao invés de sua empatia.
O regime sírio,
por exemplo, é considerado um dos mais repressores do mundo árabe. Bashar (aqui ocupando o papel da figura do príncipe) é filho do ex- ditador Hafiz al
Assad, que comandou o país com mão de ferro por 30 anos. A família Assad
pertence à seita alauíta, o ramo xiita, um grupo minoritário no país. Para se
manter no poder, Hafiz, selou uma aliança com ricos negociantes, garantindo a
prosperidade desse grupo, ganhando em troca o apoio político. Para conter
possíveis revoltas contra esse regime econômico que privilegiava poucos, o
ditador manteve um circulo leal de temidos militares alauítas. Um dos mais
marcantes eventos que caracterizou o governo sírio como um dos mais brutais do
mundo ocorreu em 1982, quando Hafiz esmagou um levante sunita liderado pelo
grupo Irmandade Mulçumana: 20 mil pessoas foram mortas nessa ocasião.
Os fins das
ações dos príncipes são justificadas pelos meios, que se resumem na permanência
do Estado centralizado, porque nada é pior para o coletivo do que o final da
maquina estatal. Assim, a sociedade é obrigada a suportar diversas “repressões”
.
A deturpação
desse estilo de governo, porém, pode se iniciar, em parte, pelo o que Maquiavel denomina “
dupla moral”: há a moral do governador, que considera o melhor modo de governar,
e a moral dos governados, que não querem ser dominados.
Essa diferença
de virtudes pode provocar desentendimentos entre as partes, assim, é necessário
que o príncipe comporte-se como um leão, e tenha sempre ao seu lado uma raposa
(aliado). O leão, por ser feroz, é capaz de enfrentar os lobos, o povo , porém
pode ser cego às armadilhas e, portanto, necessita da astucia da raposa para
ampará-lo.
Como leão, além
de ter consigo um aliado, o príncipe deve ser detentor da Virtú (virtude em
latim, diferente da virtude moral). Sendo capaz de dominar a Fortuna, os
acontecimentos, ele consegue se manter no poder.
Se a divergência
entre os interesses do povo e do governo forem extremas, pode resultar na
rebelião da massa, como aconteceu inicialmente na Tunísia e se disseminou por
outras regiões do Oriente Médio. Como em Roma, as revoltas podem se tornar
regra.
As revoltadas
ocorridas no Oriente Médio em 2011, resultaram na derrubada de Zine Al-Abidine
Ben Ali, na Tunísia e Hosni Mubarak no Egito. Essas ações inauguraram um novo
período nas historias desses dois países. Sob pressão de protestos vários
ministros caíram na Tunísia.
Essas rebeliões
se iniciaram a partir contato
estabelecido por lideres rebeldes que partilhavam de interesses comuns – o mais fortes deles pautados na extinção
da ditatura e na convocação de eleições imediatas. Esses grupos unidos ganharam
forças e invadiram as ruas e praças, desencadearam pela manifestação populares
uma séries de conflitos que tornaram a permanecia do antigo governo insustentável.
O que prova que a falta de equilíbrio entre os desejos dos ditadores e de seu
povo causam a sua queda inevitavelmente.
Esta comparação explicíta que a historia segue um ciclo espiral e que podemos no
espelhar nela.
As obras “O
príncipe” e “A mandrágora” de Maquiavel, como podemos perceber com essa
análise, permanecem atuais. Trazem valores e ações que, mesmo com o tempo, não
se tornaram anacrônicas e, por isso, devem sempre ser discutidos.