terça-feira, 10 de abril de 2012

O Príncipe e a Primavera Árabe



      O processo civilizador histórico trouxe a necessidade de o homem se organizar, usando  a política como sua principal ferramenta.
      Para Maquiavel, a tomada do poder politico pode se dar pela força, por eleições ou pela hereditariedade. O príncipe, detentor do Estado, deve se esforçar para manter-se em seu posto, valendo-se de quaisquer métodos possíveis.
      Os governos depostos durante a Primavera Árabe atestaram os princípios da teoria politica de Maquiavel. O príncipe, na figura dos ditadores, como Bashar Ae Assad, Kadafi, Mubarak, abusam da força a exemplo de preferirem serem temidos do que amados, colocando a democracia em xeque. Segundo o filosofo, é mais fácil a manutenção do poder quando se tem o temor do povo ao invés de sua empatia.
      O regime sírio, por exemplo, é considerado um dos mais repressores do mundo árabe. Bashar (aqui ocupando o papel da figura do príncipe) é filho do ex- ditador Hafiz al Assad, que comandou o país com mão de ferro por 30 anos. A família Assad pertence à seita alauíta, o ramo xiita, um grupo minoritário no país. Para se manter no poder, Hafiz, selou uma aliança com ricos negociantes, garantindo a prosperidade desse grupo, ganhando em troca o apoio político. Para conter possíveis revoltas contra esse regime econômico que privilegiava poucos, o ditador manteve um circulo leal de temidos militares alauítas. Um dos mais marcantes eventos que caracterizou o governo sírio como um dos mais brutais do mundo ocorreu em 1982, quando Hafiz esmagou um levante sunita liderado pelo grupo Irmandade Mulçumana: 20 mil pessoas foram mortas nessa ocasião.
      Os fins das ações dos príncipes são justificadas pelos meios, que se resumem na permanência do Estado centralizado, porque nada é pior para o coletivo do que o final da maquina estatal. Assim, a sociedade é obrigada a suportar diversas “repressões” .
      A deturpação desse estilo de governo, porém, pode se iniciar, em parte,   pelo o que Maquiavel denomina “ dupla moral”: há a moral do governador, que considera o melhor modo de governar, e a moral dos governados, que não querem ser dominados.
      Essa diferença de virtudes pode provocar desentendimentos entre as partes, assim, é necessário que o príncipe comporte-se como um leão, e tenha sempre ao seu lado uma raposa (aliado). O leão, por ser feroz, é capaz de enfrentar os lobos, o povo , porém pode ser cego às armadilhas e, portanto, necessita da astucia da raposa para ampará-lo.
      Como leão, além de ter consigo um aliado, o príncipe deve ser detentor da Virtú (virtude em latim, diferente da virtude moral). Sendo capaz de dominar a Fortuna, os acontecimentos, ele consegue se manter no poder.
      Se a divergência entre os interesses do povo e do governo forem extremas, pode resultar na rebelião da massa, como aconteceu inicialmente na Tunísia e se disseminou por outras regiões do Oriente Médio. Como em Roma, as revoltas podem se tornar regra.
      As revoltadas ocorridas no Oriente Médio em 2011, resultaram na derrubada de Zine Al-Abidine Ben Ali, na Tunísia e Hosni Mubarak no Egito. Essas ações inauguraram um novo período nas historias desses dois países. Sob pressão de protestos vários ministros caíram na Tunísia.
      Essas rebeliões se  iniciaram a partir contato estabelecido por lideres rebeldes que partilhavam de interesses comuns – o  mais fortes deles pautados na extinção da ditatura e na convocação de eleições imediatas. Esses grupos unidos ganharam forças e invadiram as ruas e praças, desencadearam pela manifestação populares uma séries de conflitos que tornaram a permanecia do antigo governo insustentável. O que prova que a falta de equilíbrio entre os desejos dos ditadores e de seu povo causam a sua queda inevitavelmente.  Esta comparação explicíta  que a historia segue um ciclo espiral e que podemos no espelhar nela.
      As obras “O príncipe” e “A mandrágora” de Maquiavel, como podemos perceber com essa análise, permanecem atuais. Trazem valores e ações que, mesmo com o tempo, não se tornaram anacrônicas e, por isso, devem sempre ser discutidos.

3 comentários:

  1. A Primavera Àrabe foi a maior manifestação política da população nos últimos tempos. Revoltas consequentes de tiranias absurdas. O povo lutando contra a opressão, quando o governo deveria ser o primeiro a se posicionar em objeção as opressões que os circundam. Não só a essas populações, mas como em todas as outras. As manifestações aconteceram, pois o Estado não estava mantendo sua função principal. Muito pelo contrário, o Estado não estava ao lado do povo e sim em oposição a este. Essa onda de protestos no Oriente Médio e norte da África derrubou quatro ditadores em um ano, resultando em grande números de mortos.
    Ao fazer uma analogia entre a forma de governo proposta pelo cientista político Nicolau Maquiavel - onde todas as ações são permitidas desde que seja para manter o Estado e sua função – e os governos ditatoriais combatidos pela Primavera Árabe percebemos a deturpação que ocorreu em relação as propostas do primeiro. Como vocês, autoras desse blog, citaram muito bem, as obras de Maquiavel ainda são atuais, através de seus valores e ações. Porém, formula-se uma grande contradição. Em sua obra, “O Príncipe” (um conjunto de estratégia, adotado como o manual de um governante) Maquiavel afirma que os fins justificam os meios. Mas, o fim de uma ação justifica o meio pelo qual ela foi realizada desde que esta tenha como objetivo a manutenção do Estado, além de que é preferível para um governante (para o principe) ser temido do que amado pois sendo temido, este não corre o risco de sofrer uma revolução advinda de seu povo. Neste momento, é explanada a contradição entre os ideiais de Maquiavel e as ações aplicadas nos governos ditatoriais do Oriente Médio.
    O termo “maquiavélico” passou por uma grande deturpação da idéia, e permanece sendo relacionada ao mal, pois para os tiranos, o fim justifica os meios. Mas o fim dos ditadores não é a manutenção do Estado, e sim a manutenção dos próprios em sua posição de ditator e seu governo opressor. A manutenção do Estado imposto por eles. E não a manutenção daquele Estado, citado por Maquiavel, que ao se manter evita o caos entre os homens. Segundo Maquiavel, o homem em sua total liberdade é um produto de conflitos e é necessário um Estado para criar lei e apaziguar o conflito entre os seres, moderando sua liberdade. Para manter esse estado, onde os homens estão controlados, os meios justificam os fins. Mas, em um país onde a população está totalmente dominada e oprimida, onde o povo está morrendo pelas ‘mãos’ do ditadores e estes não pautam seus atos para manter o Estado, e sim o próprio poder pessoal, é um fim justificável? Em minha opinião, felizmente, o povo foi as ruas e conquistou a deposição de quatro tiranos (que não deveriam existir de modo algum, principalmente em uma sociedade como a que vivemos). Mesmo que as manifestações tenham causado milhares de mortes, esse foi o único MEIO que o povo encontrou para alcançar seu FIM. Liberdade. Um fim mais do que justificável.

    Por Luciene Sudré.
    (RA00120021)

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  2. Concordo com o que foi dito no comentário, pois acho que o regime ditatorial em países do Oriente Médio e norte da África que começou a sofrer protestos em dezembro de 2010, data de início da Primavera Árabe, é um dos maiores exemplos em que podemos ver que as ideias de Nicolau Maquiavel continuam presentes, mesmo passado tanto tempo.
    Para o filósofo, o príncipe que deseja se manter no poder tem que necessariamente possuir a sabedoria para agir conforme as circunstâncias, ao qual era melhor ser temido do que amado para a manutenção de seu domínio.
    Foi o que aconteceu durante muito tempo nesses países anteriormente citados, os quais passaram por constantes repressões dos governantes, então na figura do príncipe, para manter o governo centralizado.
    Maquiavel também fala sobre duas forças opostas na sociedade, a qual uma quer dominar, enquanto a outra não quer ser dominada. A diferença entre essas duas forças, no caso da Primavera Árabe, entre o povo e o governo, pode causar inúmeras revoltas.
    A primavera Árabe teve como estopim um jovem tunisiano desempregado que ateou fogo ao próprio corpo. Acho que ele não imaginava ter dado início à onda de protestos que culminou na queda de quatro ditadores em um ano e na morte de milhares.
    Foi esta revolta da população, a divergência máxima entre a classe dominante e a classe que não quer ser dominada, que fez a força do povo vir à tona e mostrar que o poder deve ser utilizado para o bem de todos e não uma constante forma de manutenção dos interesses de alguns.

    Maria Paula Angelelli
    RA00118320

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