Para Hobbes, o homem fora de uma
comunidade encontra-se em estado de natureza, onde prevalece a liberdade e
interesses independentes. Porém no contexto político a liberdade pode causar um
clima de constante tensão. Homens iguais com direitos iguais se distanciam de
acordos pontuais capazes de criar a noção de bem comuns. Deste modo os
indivíduos convivem em meio à desconfiança e ao medo, visto que o homem, ao
conhecer apenas a si mesmo e se colocando alheio aos interesses do outro, vê
nesse uma ameaça. O suspense envolto nessa relação é capaz de desencadear a
guerra generalizada. É tentando impedir que a guerra continue que os homens entram em
consenso e aceitam ceder parte de sua liberdade através do contrato de submissão, que reduz os
interesses individuais a um interesse único. É o modo que viabiliza o Estado, e assim nasce o soberano, que tem como único dever assegurar a vida de seus
súditos.
A princípio, Locke concorda com a
situação que leva a um consenso sobre a necessidade do contrato social. O homem
tende a se sobrepor a seus semelhantes uma vez que as experiências e adquição de conhecimento, pode tender a desigualdades (teoria da tábua rasa). O contrato
veio para tentar suprimir essa possível desigualdade, e, também, como legitimação do
trabalho.
Como pensador burguês, Locke defende o
direito de propriedade, bem maior do homem, ao contrário de Hobbes, que por
viver em um período de ascensão da burguesia é contra a propriedade,
rendendo-lhe a fama de pensador maldito. Essa denominação surge não
isoladamente por sua referência agressiva de que todos os homens são em
natureza bélicos e predispostos aos conflitos, e tampouco da sua negativa ao
poder absoluto do estado e suas divergências com a igreja, mas sim em sua tese
de que a propriedade privada não é um bem inato ao homem e não deve ser mais
importante do que a igualdade entre os sujeitos de uma mesma comunidade. Esse
conceito nega a propriedade privada e ao mesmo tempo se opõe ao interesse da
burguesia, a qual durante toda a história lutará para afirmar a propriedade como
direito fundamental ao homem e o qual deve ser garantido pelo estado.
Enquanto que para chegar ao contrato
social é necessário um consenso, quando é estabelecido o estado civil a escolha de governo é regida pelo princípio da maioria.
Rousseau, por sua vez, é o que mais diverge de seus
colegas iluministas, pois acredita ser possível a sobrevivência em uma
sociedade sem contrato social. Há a possibilidade da existência social coletiva
com a cooperação de todos e sem propriedade, entretanto, na natureza humana, o
homem casa com a perfectibilidade, que acaba mais uma vez levando à competição
entre os homens, o que também resultaria em uma guerra generalizada. Se em
alguns pontos Hobbes diverge de Rousseau, podemos dizer que no que diz respeito à
aceitação de suas idéias em meio a classe burguesa, os dois se igualam. Rousseau
mais fortemente do que Hobbes é considerado pela a elite e também pelo governo
um pensador maldito. O filosofo é intulado um radical, ja que para ele a igualdade é
um bem maior e se sobrepõe ao direito a propriedade privada, a qual ele julga
ser o motivo de todas as guerras e desigualdades de classe; ao contrário de Hobbes, ele julga como
causa principal das guerras o capricho
humano - vindo da perfectibilidade - e a própria propriedade. Para Rousseau e não é possível a representação política, pois para isso
cada individuo se privaria do direito a tomada de decisões, destruindo qualquer
possibilidade de liberdade individual, já anulada pelo conceito de liberdade
civil.O pacto social é, portanto, o fim da liberdade natural. Esta, por sua vez, gera a idéia de propriedade e degenera a sociedade, pois o domínio – sem sequer justificativa lógica – de uma terra que deveria ser de todos faz crescer as diferenças e injustiças. Construindo contratos capazes de reger toda a existência social em função de alguns poucos, não se atinge a totalidade de seus integrantes.
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ResponderExcluirÓtima explicação sobre o homem opaco de Hobbes! O momento que esses homens partem para a guerra, uma vez que não sabem o que o outro está pensando ou tramando, pode ser 'explicado' pela frase "o ataque é a melhor defesa".
ResponderExcluirHobbes e Rousseau foram considerados escritores malditos por não defenderem a propriedade privada e dizerem que esta não é um direito natural do homem, indo contra os ideais burgueses da época. O oposto do liberalista John Locke que diz que é dever do Estado defender e preservar a propriedade privada, que é um direito natural de todos os homens.
Adorei o texto, meninas! Muito bem escrito e explicado.
Beijos,
Mariana Stocco Carvalho (RA00113175)
A ideia de pacto social para que não haja guerras está muito bem explicado e vocês informaram o leitor do blog muito bem sobre os autores contratualistas.
ResponderExcluirÉ interessante o modo como três autores partem da mesma ideia contratualistas e divergem em pequenos aspectos, como Hobbes e Rousseau que não defendiam a propriedade privada e Locke que acredita que a defesa deveria ser feita pelo Estado, pois ele é um autor jusnaturalista.
Vocês desenvolveram as particularidades de cada autor de maneira prática para a compreensão e não esqueceram de detalhes importantes, explicaram muito bem como o homem age em seu estado de natureza.
Parabéns meninas, gostei muito do texto de vocês!
Juliana Navarro Bittencourt RA00121005
Meninas, muito boa a maneira como vocês explicaram as diferenças e as semelhanças características dos três contratualistas estudados. Hobbes e Locke realmente se assemelham muito na questão do homem no estado de natureza. Para eles o homem é selvagem e isso faz com que não consiga conviver em paz com os seus semelhantes. É para resolver essa situação que o contrato social surge. Na teoria de Hobbes, o contrato faz com que os homens abram mão de sua liberdade em troca de um soberano que lhes assegurará a vida. Já para Locke, a diferença está nesse ponto. Ele, como ideólogo do liberalismo, defende que o contrato além de assegurar a vida, assegurará também a propriedade privada, uma vez que o trabalho realizado por uma pessoa originará aquele bem material, e dessa forma o torna dono daquilo. Seu governo, porém, é baseado no princípio da maioria. Já Rousseau é o mais diferente dos três. Poderíamos encontrar semelhanças com Hobbes no que diz respeito ao fato de terem sido considerados autores malditos. Hobbes por negar o direito natural à propriedade e Rousseau, além disso, por ser contra a razão em uma época em que o mundo se encontra em meio ao pensamento iluminista onde tudo é baseado na razão. Rousseau também discordará na questão do estado de natureza. Para ele o homem é naturalmente bom, mas com a evolução da humanidade rumo ao capitalismo e o surgimento do contrato social, o homem perde sua liberdade natural, conseguindo manter apenas a liberdade civil, ou seja, a sociedade corrompe os homens. Para ele o governo deve submeter-se ao povo, e dessa maneira ele não acredita na representação política, uma vez que este pode vir a se tornar um soberano. É considerado um autor revolucionário e suas ideias serviram de base para a revolução francesa.
ResponderExcluirGabriella Justo RA00116210